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sábado, 25 de julho de 2020

25 DE JULHO: DIA DE RESISTÊNCIA DAS MULHERES NEGRAS LATINO-AMERICANAS E CARIBENHAS

Wikimedia Commons - 25 de julho foi reconhecido pela ONU como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha.
Data é um momento de reflexão e discussão sobre estratégias e desafios para superar o racismo e as violências sobre as mulheres negras.

Grupos femininos negros de mais de 30 países da América Latina e do Caribe se reuniram em 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, para discutir as violências raciais e de gênero que sofriam. Após a reunião, essas mulheres negras lutaram para que a data 25 de julho fosse reconhecida como o Dia Internacional da Mulher Negra latino-americana e Caribenha.
Esse dia de resistência foi ratificado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e simboliza as experiências das mulheres negras, que reivindicam suas lutas e traça os desafios impostos pela sociedade. Para a historiadora Bruna dos Santos, o dia é um marco para evidenciar a existência dessas mulheres enquanto grupo político.
Em entrevista a Opera Mundi, a militante da Marcha Mundial das Mulheres do Rio Grande do Sul afirma que é impossível discutir qualquer questão de política sem que "perpasse pelo olhar de mulheres negras". "As mulheres negras sempre estiveram reivindicando e participando dos processos sociais e políticos, e por isso, precisavam de um movimento como esse, que desse conta de suas demandas", disse. 
Segundo Santos, a data internacional permite mostrar que esse grupo "existe" e que "compõe a sociedade tanto no sentido de suas ações individuais, quanto em ações coletivas".
A data é celebrada por diversos movimentos e coletivos que organizam encontros e marchas nas ruas de diferentes cidades e países. No entanto, devido à pandemia do novo coronavírus, algumas organizações tiveram que mudar a estratégia, como o caso da Marcha Mundial das Mulheres do Rio Grande do Sul, que convocou militantes e realizou uma jornada de publicações em um site
De acordo com Claudia Prates, uma das organizadores do site, a ideia era trazer as mulheres que compõem as marchas nas ruas para dentro do virtual, dando dicas de filmes, livros, músicas, documentários e outros conteúdos que têm a mulher negra como protagonista. 
"Fizemos montagens com falas das mulheres e divulgamos em nossas redes sociais. É uma forma de que esse conteúdo possa alcançar várias pessoas, além de ser um espaço para estimular que outras mulheres possam estar escrevendo sua história e seu lugar de fala", afirmou.
Tereza de Benguela
Aqui no Brasil, a ex-presidente Dilma Rousseff sancionou, em 2014, a lei nº 12.987, que estabelece o dia 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. A medida visava reconhecer o papel de Tereza de Benguela e resgatar a memória da líder quilombola durante o século 18.
Ao Opera Mundi, a socióloga Suelen Gonçalves enxerga a líder como uma "heroína" brasileira que resistiu "bravamente contra a desumanização e ataques ao território quilombola".
"Pensar esse dia nacional é valorizar esta história de resistência dessas mulheres negras, que estiveram presentes em muitos momentos da história", disse. A militante do coletivo Atinukes - Sobre o pensamento de mulheres negras aponta que essas histórias de lutas não são contadas "de uma forma oficial". 
Segundo ela, a data é um momento de reflexão e de "celebrar a nossa trajetória de construção histórica". "O Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra tem um peso importante de reflexão de que sociedade nós queremos. Qual o novo pacto civilizatório que nós vamos construir para viver e viver com dignidade", afirmou.
Do Opera Mundi
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